sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Países se Desenvolvem como as Pessoas


Interessante o artigo escrito por Thierry Wolton para o “Le monde”. O autor descreve a semelhança entre a propaganda e o frenesi em torno da China e seus resultados econômicos e o caminho percorrido pela URSS no final da década de 70.

Segundo Wolton, a crise no ocidente, somada ao interesse pelo crescimento chinês faz com que os próprios governantes deste último se empolguem em demasia, sentindo-se uma superpotência e esquecendo suas mazelas. Dentre os problemas, o autor cita “obsolescência de parte de seu sistema industrial, discriminação social, desequilíbrio entre oferta e procura, inflação, bolha especulativa, envelhecimento da população, catástrofes ecológicas”.

É a segunda vez nesta semana em que leio sobre um otimismo exagerado sobre a China. O megainvestidor James Chanos, famoso por prever as fraudes e o colapso da Enron, tem afirmado que o "Império do Meio" falseia suas estatísticas pujantes. "As bolhas são melhor identificadas pelos excessos de crédito, não pelos excessos de valorização" (...)"E não existe maior excesso de crédito do que na China", diz o investidor, do alto de seu acerto recente. Embora muitos o considerem alarmista, acende-se uma luzinha amarela na cabeça de outros.

Não há dúvida que países grandes e populosos como os integrantes dos BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) terão papel de destaque na economia sempre. No entanto, é importante lembrar que terão que superar suas desigualdades internas para que sejam realmente países ricos. Esses avanços na distribuição de renda e oportunidades só se fazem definitivos em ambientes democráticos, e nesse ponto todos esses países ainda precisam aprender muito. Eu diria que a China mais que todos.

Enquanto isto, aqui no Brasil, as manchetes hiper-otimistas geram profissionais (e crianças) nas escolas de Mandarim, ao mesmo tempo em que temos umas das piores posições no ensino de matemática. Nossa construção civil segue aumentando preços, financiada pelo endividamento da população. Nossa política enfraquece as instituições e o nível da discussão. E vivemos otimistas e orgulhosos de nossos avanços.

Não somos mesmo países semelhantes, parte do mesmo bloco?

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